Flávio Ribeiro, do LAMPIÃO
O rompimento da barragem Fundão, do complexo de minas operado pela Samarco em Mariana, que destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues no dia 5 de novembro, atingiu cerca de 3800 pessoas de maneira direta e indireta, pela avaliação da Prefeitura de Mariana. De acordo com dados obtidos pelo LAMPIÃO, o número de doações até o dia 26 soma 200 toneladas em roupas, 180 toneladas de alimentos e 300 mil litros de água.
Nos primeiros 20 dias após a tragédia, mais de 120 pessoas foram atendidas diariamente no Centro de Convenções da cidade. Entre os atendimentos, as famílias receberam roupas, calçados, alimentos e produtos de limpeza e higiene.
Devido ao montante alto de produtos e roupas arrecadadas, a prefeitura do município teve que suspender a campanha de doações no último dia 17. Segundo o coordenador do centro de distribuições dos donativos, Juliano Barbosa, o local não comporta o recebimento de mais itens.
“Estamos com um grande problema, de estocar isso de forma correta e que não haja nenhum desperdício. A gente suspendeu todas as doações e estamos trabalhando agora numa frente focada em separação, armazenamento e efetiva distribuição para aqueles que realmente precisam”, disse Barbosa.
Douglas Sant’Anna, que já coordenou o recebimento de donativos em sete tragédias no país, é encarregado da catalogação e redistribuição das demandas. Foto: Sabrina Passos
Nos fundos do Centro de Convenções, um caminhão é abastecido com 22 toneladas de itens de higiene pessoal, alimentos e galões de água. Parte do excedente está sendo destinado para cidades como Governador Valadares e Aimorés, que também foram afetadas pelo percurso da lama da barragem.
Segundo o criador do Centro Logístico Humanitário Nacional, Douglas Sant’Anna, responsável por catalogar e redistribuir as demandas, outros municípios como Colatina, no Espirito Santo, já estão abastecidos e, por isso, não estão sendo incluídos nos destinos das doações excedentes.
Voluntários
Para organizar os quatro galpões lotados de doações, uma equipe de 200 trabalhadores da Samarco foi solicitada há quase 15 dias para atuar no local. Porém, a empresa ainda não respondeu o pedido.
Entre os dias 5 e 11, o número de voluntários que passaram pela Arena Mariana e Centro de Convenções ultrapassou uma média de 180 pessoas por dia. Nas duas semanas seguintes, o número de voluntários permaneceu elevado, atingindo uma média de 100 pessoas em cada uma.