ONGs lutam pelos Direitos dos Animais na Região dos Inconfidentes

Repórter Rhaquel Rocha e Lima

O abandono de animais é algo que chama a atenção de quem passa pelos principais pontos de Ouro Preto e Mariana. Nas ruas, os animais se reproduzem facilmente, resultando no aumento da população animal. A retirada e o atendimento veterinário são funções das prefeituras, que recebem cães e gatos nos canis municipais ou nos Centros de Zoonoses (CCZ). Devido à grande quantidade de bichos, os abrigos estão em superlotação, dificultando a garantia de boas condições de conforto e cuidados.

Nas redes sociais é fácil encontrar apelos para adoção, denúncias de maus tratos e pedidos de acolhimento para bichos de rua. Como o poder público não tem cumprido com essas responsabilidades, cidadãos comuns com iniciativas individuais tentam resolver parte do problema e fiscalizar o trabalho dos municípios. A Associação Ouropretana de Proteção Animal (Aopa), em Ouro Preto, e o Instituto de Defesa dos Direitos dos Animais (Idda), em Ouro Preto e Mariana, foram Organizações Não Governamentais (ONGs) criadas com o objetivo de prestar assistência, supervisionar o atendimento e combater o sacrifício de animais.  

Luana Neves, presidente e idealizadora da Aopa, se empenha em trabalhos de educação ambiental e sensibilização da população na cidade de Ouro Preto, principalmente no que diz respeito ao abandono de animais e à adoção responsável. A ONG é formada por um corpo técnico de biólogos, veterinários e professores que se uniram pela causa em 2013, prestando assistência inicial ao CCZ, e, hoje, assistindo a comunidade, justamente por perceber a ausência de lares para muitos animais.

A associação incentiva a guarda responsável e quer difundir a ideia de “cão comunitário”. “O cão comunitário é uma forma de adoção coletiva, onde o animal passa a ser monitorado por mais de uma pessoa. Existe um processo para a adoção, e além disso, o animal passa pela castração, microchipagem e monitoração periódica com médico veterinário”, ressalta Neves. Atualmente, a associação tem registro de um cão comunitário, que foi vacinado e tem três voluntários como tutores.  

Desde de 2013, a associação já realizou 36 feiras nas quais mais de 110 cães encontraram novos lares. Os animais para adoção nas feiras são cães remanescentes de estudos científicos, criados, monitorados e usados em experimentações dentro da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), instituição que possui uma parceria com a Aopa. “Esses animais foram criados dentro da Ufop, mas não passaram por experimento invasivo, não receberam nenhum tipo de doença. Antes do processo de adoção, todos os bichos passam por exames para saber se estão ou não aptos para serem adotados”, informa a idealizadora da associação.

Com uma outra proposta, atuando em Ouro Preto e Mariana, o Idda surgiu com o objetivo de amparar os animais da região e intervir no sacrifício dos que estão alojados em centros de zoonoses. Criado após uma audiência pública contra o CCZ de Ouro Preto, o instituto realiza resgates e reabilitação de cães e gatos em situação de risco para impedir tanto o alojamento quanto a eutanásia desses bichos.

O trabalho coletivo é importante para o instituto, que atualmente possui cerca de 100 voluntários registrados. Segundo Luciana Salles, presidente do Idda, “os voluntários recebem temporariamente os animais resgatados em seus lares para cuidados e assistência. Após o período de recuperação, encaminhamos esses animais para o processo de adoção”. Ela relata também que o processo de adoção não é simples e que é preciso passar por procedimentos e entrevistas para assegurar que o animal ganhe um lar adequado.

Além disso, em parceria com petshops locais, o Idda promove feiras e Campanhas de Castração gratuitas ou de baixo custo. Desde o inicio da ONG, também criada em 2013, a presidente contabiliza “mais de 1.000 castrações e de 600 doações responsáveis”.

Tanto o Idda quanto a Aopa não possuem nenhum tipo de auxílio ou doação direta. As ONGs são mantidas apenas com o trabalho de voluntários, que doam tempo e disposição para ajudar os animais, contribuem com medicamentos e realizam parcerias para a efetivação das ações. O Idda ainda conta com a realização de rifas, com um processo de apadrinhamento dos procedimentos e a participação em eventos para geração de renda. Luciana Salles reafirma a importância dos voluntários nesse momento, diante da falta apoio por parte dos municípios, principalmente no desenvolvimento de projetos e na participação nas campanhas.

Mesmo após acordos com a prefeitura de Ouro Preto, Neves relata que a maior dificuldade ainda é o diálogo com a Secretaria de Saúde da cidade, que nem sempre está aberta a efetivar os acordos firmados e nem mesmo demonstra interesse em apoiar o que já foi e vem sendo realizado pelos grupos de resgate de animais.

Os secretários de saúde de Ouro Preto e Mariana, Eliane Cristina e Danilo Brito, até o fechamento desta matéria alegaram que não poderiam falar com a reportagem devido ao excesso de compromissos na agenda.  

 

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