O Bloco das Alternativas

Paulo Victor Fanaia

Ouro Preto anoitecia entristecida em 14 de janeiro deste ano, na Casa de Gonzaga (atual Secretaria de Cultura e Turismo), quando o tradicional Carnaval das Escolas de Samba ia sendo cancelado. A prefeitura nem sequer irá usar das verbas para a educação, como se fez em Petrópolis (RJ), mas somente por “dificuldades burocráticas”, afirma a nova gestão, que os tamborins irão se silenciar, restando os dispendiosos festejos republicanos.

Se por um lado a Casa de Gonzaga perde a voz e guarda seu batuque para 2014, ou se por outro ganha voz na rede pelo Youtube transmitindo a folia “republico-ouro-pretana”,surge uma galera que está a par de tudo isso nessa festa, e na manhã do dia 15, retomavam-se os ensaios das “alternativas”, que cada vez mais vão abrindo seu espaço no cenário cultural da região dos inconfidentes.

Que batida é Essa? Funk, Rock, Jazz e Soul na terra do carnaval

Entre o dia 1 de fevereiro e 3 de março. Uma cidade. Trezentas cidades. Trinta países! Um único grito, rock. Organizado pelo “Coletivo Muzinga”, uma dissidência mineira do “Fora do Eixo”,coletivo cultural criado em Cuiabá (MT), as cidades de Mariana e Ouro Preto recebem em sua primeira edição o festival “Grito Rock”. Propondo ser uma alternativa ao samba, axé e frevo, populares no carnaval, uma galera de roupas pretas, cabelos cumpridos ou Black Power, se cansou de ficar em casa se esquivando da mais famosa festa brasileira e decidiu organizar a sua própria festa. Um festival musical deles, com a cara deles e, principalmente, com o som deles.

O primeiro evento aconteceu em 2002, em Cuiabá, com pouca presença de bandas regionais, mas muita disposição, tanto que hoje, 11 anos depois, a ideia se expandiu como um vírus para mais de 30 países, em sua maioria na América Latina. E em 2013, exatamente em Ouro Preto e Mariana, a ideia sai do papel e vira realidade, trazendo rock, folk, jazz e soul para um dos maiores carnavais do Brasil.

Aniska!, “Strogonoficamente inoxidável!”, banda de Itajubá (MG), é uma das atrações que farão seu show no evento. Além dos tambores de Chico Rei, os pandeiros de congado do “Vira Saia”, Salvador (BA), e o rock de raiz do grupo “Caixa Preta”, São Paulo (SP).

Respeitável Público! Pé-de-Moleque pede licença pro samba no pé do palhaço!

De Mariana para o mundo, o “CircoVolante”, surgido em 2000, é sem dúvida a referencia das artes circenses na região dos Inconfidentes. Palhaços, cantores, humoristas, bufões, mestres de oficinas circenses, organizadores de eventos… Ufa! Enfim, verdadeiros artistas! Os organizadores do “CircoVolante”, Xisto Siman, João Pinheiro e Paulo Santana comemoram a décima edição do tradicional e esperado evento carnavalesco, o “Samba no Pé-de-Moleque”, com um convite: Ensaio aberto no dia 07, quinta-feira de carnaval, às 20 hr, na sede do “CircoVolante”. É um último ensaio, umas acertadas no batuque e uma amarrada no sapato do palhaço, para o dia 09 começar o estardalhaço, com o Cortejo na Praça.

Pernas de pau, malabaristas, palhaços, fogos, cirandas, côcos e maracatus tocando marchas tradicionais da cultura nacional, um verdadeiro espetáculo aberto, ao vivo, livre, grátis e alegre, que encanta toda cidade, que se envolve e faz parte da festa. Aos poucos todos vão ganhando ritmo, alguns timidamente, um passo pra lá e outro pra cá, uma dedada de tinta no nariz. As crianças são mais soltas, correrias e pinturas no rosto e pronto, tornam-se todas sambistas ou palhaças, ou tudo junto. Mas, por incrível que pareca, segundo Xisto, os adultos são os que mais vibram. “Os pais vibram tanto ou mais que a criançada, por serem musicas do imaginário popular, cirandas, músicas da década de 70”, diz.

A ciranda do Pé-de-Moleque começou em 2001, com apenas 5 pessoas e um carrinho pequeno sem amplificação” . E em anos que eles não saíram, o povo sentiu falta. “A cidade acaba abraçando nossas ideias, o que é muito bom”, fala Xisto. E não só o povo, como a prefeitura também, cujo incentivo financeiro “é fundamental”, garante Xisto. Fica a dica, prefeito!

O carnaval do “CircoVolante” é com certeza uma alternativa de carnaval simples, tradicional e rico em cultura e alegria. “Eu gosto dessa coisa mais caseira, mais intimista, com as pessoas na rua, se cumprimentando, pessoas conhecidas, é um carnaval que é mais para a cidade e menos para o turista”, explica Xisto.

Não perca! A edição de comemoração deste ano será ainda mais bacana, com mais figurinos, “parafernalhas” no carrinho, cortejo com mais músicos, um maestro com orquestra de sopros e eles esperam por você. Confira o convite gravado por Xisto para toda população de Mariana e Ouro Preto: 

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