Adriano Cerqueira – Professor da UFOP / Coordenador do Neaspoc-UFOP
O ano de 2013 começa para as cidades brasileiras com as expectativas aumentadas em decorrência da posse dos novos prefeitos, eleitos no ano passado. Em algumas cidades, como Mariana e Ouro Preto, os candidatos vencedores são políticos experientes e que já assumiram as respectivas prefeituras, em outros tempos. Aparentemente, o eleitorado de Mariana e de Ouro Preto escolheu a experiência para assumir suas administrações municipais. Qual seria seu recado?
Primeiramente, pode-se deduzir que os eleitores de Mariana e Ouro Preto querem prefeitos que tem a marca da experiência administrativa. Ou seja, há um indicativo de que as cidades estão precisando investir mais na boa administração, para resolver os problemas crônicos que as afligem, como o da saúde, das enchentes, dos deslizamentos de terras, do trânsito, do transporte público, entre outros que sempre são assinalados em pesquisas de opinião. Assim, a melhor resposta que Celso Cota (Mariana) e José Leandro (Ouro Preto) podem dar aos cidadãos dessas cidades é investir em uma boa equipe de trabalho, com qualificação profissional e boa articulação política. A população estará atenta, nas próximas semanas, para avaliar a capacidade dos recém-empossados em atender suas expectativas. Sem uma boa equipe de trabalho ficará muito difícil não decepcionar os cidadãos.
Em segundo lugar, os novos prefeitos deverão cuidar bastante da questão política, pois suas cidades passaram por forte comoção política, a ponto de seus eleitores apontarem as brigas políticas como um dos principais problemas de seus municípios. Governar é saber construir uma tranquilidade administrativa e uma relação de respeito e diálogo com as forças políticas que representam o eleitorado é fundamental. A pior coisa que pode acontecer para um administrador é o desenvolvimento de um ambiente de perseguições e brigas na cidade que ele administra.
Em terceiro lugar, os novos prefeitos deverão ter muita atenção com a delicada situação econômica que o Brasil está passando, e em especial, as economias muito dependentes da exportação de commodities, como o minério de ferro. A desaceleração da economia mundial é forte, e a China está crescendo a taxas menores que a das últimas décadas. Um cuidado especial tem que ser tomado com as receitas da economia mineradora, pois os municípios estão endividados e uma política responsável de administração dos gastos é crucial. Saber gastar nunca se tornou tão necessário, pois a primeira década do século XXI nos deixou uma boa lembrança de abundância de recursos, mas a realidade desta segunda década é outra. O desemprego deixou de ser um grave problema em Mariana e Ouro Preto, por conta da primeira década aludida, mas a taxa de desemprego tende a aumentar nos próximos anos, em razão da desaceleração da economia mundial. Se a situação econômica se agravar, com o aumento do desemprego voltarão a informalidade no mercado de trabalho e a queda no poder aquisitivo de uma população que se acostumou a ter um padrão de vida de classe média e não irá gostar nem um pouco decair no padrão. Cidadão endividado e sem dinheiro é um eleitor frustrado e raivoso.
Concluindo, os desafios que se apresentam aos novos prefeitos de Mariana e Ouro Preto não são pequenos, muito pelo contrário, estão mais complexos que aqueles que Celso Cota e José Leandro viram quando foram prefeitos. Mariana e Ouro Preto mudaram muito e pedem prefeituras mais competentes e responsáveis com a boa administração. Boa sorte e juízo!