Os fantasmas da mineração

ANDRÉ FERRARI
FOTO: ANDRESSA GOULART

Eles surgem em bandos e em épocas distintas, não se sabe ao certo de onde vêem e por qual motivo estão ali. Parece que há um gosto específico pela Região dos Inconfidentes, de onde se extrai grande parte do minério das Minas Gerais.

Há quem diga que são demônios disfarçados de humanos, espíritos malignos que de tempo em tempo mudam de nome, de face e, de repente, entram na vida das famílias dos distritos em que se alojam. A ocupação é gradativa, sorrisos, bons dias e cafés são servidos no vilarejo de Antônio Pereira.

Pouco a pouco começam a se tornar parte do cotidiano daquelas pessoas. Ajudam a trocar o cano da pia que quebrou, capinam o lote da casinha onde só vivem mulheres e, com os meses, ninguém mais se lembra de como era viver sem eles.

Aqueles fantasmas sabem mesmo enganar. E seduzir. São atenciosos com os idosos, respeitam os adultos, brincam com as crianças e, é claro, flertam com as moças. Quando chega a noite, tudo se transforma. Alguns pelo “carinho” e outros pela força, adentram-se por entre as pernas, deleitam-se no prazer e abusam de quem nunca quis sofrer. Algumas mulheres ficam em silêncio, outras se indignam, mas ficam sem saber o que fazer.

Antes mesmo da cria nascer, os fantasmas somem, sem vestígios, sem nomes, sem endereços e sem compostura. Assombraram a vila, deixando a própria vida que ajudaram a fazer.

Desamparo. Ninguém viu. Ninguém sabe. Os “fantasmas” desapareceram, sumiram, Deixaram para trás mágoas, desilusões, revoltas e no meio disso tudo apenas uma coisa boa: a esperança de que teus filhos não sigam o caminho dos “pais”.

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