Lampião entrevista: Perouse da Silva Cardoso

Entrevista: Perouse da Silva Cardoso, 69 anos

O engenheiro metarlugista conta nesta entrevista um pouco da sua convivência com João Bosco, revelando em detalhes uma parte da personalidade do músico, além de relembrar alguns momentos de quando moraram juntos na república Sinagoga,  em Ouro Preto.

JL: Onde conheceu João Bosco? Eram amigos?

Somos amigos desde o tempo da Sinagoga onde moramos juntos por três anos.

JL: O que era o grupo “Quarteto de Ouro Preto”? (Grupo onde João Bosco tocou na época da faculdade.)

O Grupo “Quarteto de Ouro Preto” era formado por João Bosco, Nilberto  (nascido em Governador Valadares), José de Andrade (nascido em Itabira), Paulo Pavanelli (nascido em…acho que São João Nepomuceno).

Por coincidência com a sua pergunta, eu era o “Empresário” do Grupo. A primeira apresentação foi na Churrascaria Caçamba em Ponte Nova. Por ser a terra do João, não cobraríamos Cachê. Simplesmente pedi que nos dessem o “tira gosto” e o “gole” como pagamento. O dono do estabelecimento se arrependeu amargamente após a abertura da quarta garrafa de “Drurys” um uísque nacional de péssima qualidade, muito churrasco e pediu que a noitada fosse encerrada…

Depois fizemos uma apresentação em Itabirito.

JL: Qual era a relação dele com a república?

Nos tempos de estudante tivemos uma convivência muito boa e ótimas relações com todos na República. Sempre com ótimas “curriolas” ao som do afinado violão como excelente tocador.

JL: João Bosco perdeu um ano de faculdade por falta de frequência. Como ele reagiu a isso?

Não sabia que ele havia perdido um ano na Faculdade. Só se foi depois que eu me formei em 1969.

JL: Era uma pessoa carismática, simpática. Tente descrever sua personalidade em poucas palavras:

Muito carismático e grande amigo, trocando tudo por uma boa “curriola” a qualquer hora do dia ou da noite “tomando umas e outras”. Em minha opinião ele só completou o curso de Engenharia Civil por exigência de seu pai, o Sr. Daniel Mucci, de quem era dependente financeiramente

JL: Após a formatura, voltou a vê-lo? Ainda matem contato?

Nos primeiros anos após sua formatura fui encontrá-lo no Rio de Janeiro em seu apartamento, já iniciando sua carreira profissional como cantor e compositor, no lançamento de primeiro Compacto Duplo (vinil) com a música “Agnus Dei”(?).

Também estive no Rio de Janeiro na época do lançamento do seu primeiro LP (vinil) – “Galos de Briga” que teve grande sucesso com músicas até hoje cantadas com “Rancho da Goiabada”, “Kid Cavaquinho”, “Dois pra lá, dois pra cá” (imortalizada na voz de Elis Regina), etc. Acho que era o ano de 1973…

Eu já morava em Salvador-BA e trabalhando na Alcan Alumínio do Brasil S.A.(acho que em 1974/75) ele foi meu hóspede, quando seu primeiro show no Teatro Vila Velha, juntamente com Ângela sua esposa, grávida do Chico, seu filho mais velho.

Depois disto tive alguns contatos por telefone sem maiores aproximações atualmente.

JL: Vocês costumavam frequentar o bar do Adilson. Como eram as noites de bebedeira nesse bar?

Não me lembro deste bar do Adilson. Freqüentávamos muito o bar do Chicão (XPTO) lá no Bairro Antonio Dias.

Foi neste bar onde fomos com Maysa Matarazzo, na época ela fazia parte do corpo de jurados do programa Flávio Cavalcanti (TV Tupi do Rio de janeiro), que foram julgar o primeiro Festival de Seresta em Ouro Preto. Após o julgamento, onde a turma da Sinagoga (Espião, João Bosco, Lucas Tofolo, Eu e outros) cantamos três músicas e ficamos com o premio do terceiro lugar. A quantia paga foi toda consumida em “golos” na antiga Churrascaria Marília (Praça Tiradentes)

Foi neste dia que João Bosco se aproximou da Maysa, já recomendado por Vinícius de Morais, iniciando sua parceria na época, que saímos pela noite em Ouro Preto, terminando no XPTO.

JL: Reza a lenda que Elis Regina veio visita-lo em Ouro Preto. Essa informação é real? você presenciou?

Acho que é lenda, pelo menos até o tempo que moramos na República, isto não aconteceu.

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